Poeta ou um cão?

Eu sou poeta proscrito

Falo do espinho na carne

Dos ais perdidos na noite

Do feio, torto, da espécie.

Que louve a voz que me coube

Creio não haja ninguém...

Marginal e sem vintém

Banido eu sou, feito um cão...

Aliás, mais privilégios

Possui o cão endeusado.

Maldito, fico de lado

A invejar condiçäo

do cão que fica ao seu lado.

Melhor, não! Acho malgrado

Que me livrei de cilada.

Teu cão é pobre coitado...

Te aguenta sem dizer nada.

Fadado por seus caprichos

A ser o seu deus fantoche

Preso ao luxo do seu nicho

Já esqueceu do deboche...

Eu lato aqui meu desdém

Ao seu cuidado erudito.

Marginal eu sou, porém,

Cão que não dorme ao seu grito.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 14/04/2018
Código do texto: T6308135
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