Poeta ou um cão?
Eu sou poeta proscrito
Falo do espinho na carne
Dos ais perdidos na noite
Do feio, torto, da espécie.
Que louve a voz que me coube
Creio não haja ninguém...
Marginal e sem vintém
Banido eu sou, feito um cão...
Aliás, mais privilégios
Possui o cão endeusado.
Maldito, fico de lado
A invejar condiçäo
do cão que fica ao seu lado.
Melhor, não! Acho malgrado
Que me livrei de cilada.
Teu cão é pobre coitado...
Te aguenta sem dizer nada.
Fadado por seus caprichos
A ser o seu deus fantoche
Preso ao luxo do seu nicho
Já esqueceu do deboche...
Eu lato aqui meu desdém
Ao seu cuidado erudito.
Marginal eu sou, porém,
Cão que não dorme ao seu grito.