Porta afora
 
Há vezes em que o fora está dentro
De dentro só se ouve o passo de fora
Por isso vejo com calma
A porta não se abre assim num rebento
Tenho que fechar as entreportas
 
O céu pousa lento na terra silenciosa
Pelo sol caído no acaso dobrado
Inúteis são todos os sonhos
Para apenas dizer uma canção à toa
Deixo acontecer no azul do vento limpo
 
A vida é desse jeito e há que seguir adiante
Quisera que o amor fosse uma rima fácil
No fio da seda sem enredo ou fastio
Mas a sua cultura fez as pazes sem demora
Com um verso que sobrou e ardia no tempo
 
Tornando extensa a dimensão da porta afora
Formando entre partes um vazio imenso
Num destino amplo do que se desfaz
A dor que clama em versos atípicos
Tive que soletrar com paciência
 
Na noite mergulho entre curvas
Ignoro suas palavras e até pintei uma rosa
Ultrapasso a consciência dos loucos
E deformo a tristeza em um tempo suave
Pois o que ficou para trás apago
 
O sol roçava na cúpula do céu
Fiquei olhando na contraluz da sombra
Daquela claridade que entrava pela porta
É tempo de arcar com os meus impossíveis
Para desenhar uma nova vida




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Gernaide Cezar
Enviado por Gernaide Cezar em 13/04/2018
Reeditado em 14/04/2018
Código do texto: T6307529
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