Salmos de Anarquia

Parabéns

Ênfase foda nos pleonasmos patéticos

Chamados poéticos

Enquanto muito e pouco se fala, a poeira os consome com a cachoeira que carboniza o tempo

Há estrelas impostoras

No mar dos teus olhos

E no céu das lembranças

Das quais? Do que é lembrável?

Tudo se esquece como a foto preto e branca atropelada no asfalto cru do dia-a-dia

A poeirada cósmica tomba em toneladas sobre a cabeça

Milhões de anos esfalecidos

Desabam as cascas dos signos e as criptoconstelações

Quantas vezes viu severamente o sol, e o pôr, e o nascer? Inconsequente ele segue estático

Quantas milhares de vezes foi capaz de subir a laje oca pra dedilhar estrelas? Não venha com vezes, falo de milhares.

Tão pequeno é considerado aquilo tão poucas vezes feito

Falo de hybris, demasia, excessos e pirâmides

Os silhos do sol gargalham

Riem da angustia rasa do seu despertar anedótico

As pequenas moscas que nos rodeiam

Breves e incertas e sinceras

Somos. Simplesmente somos o papel da abelha, do sabiá e dos problemas

Assolam o humor e travam dicotomia lenta com a esperança

Rasgou o céu de nuvens cinzas da cidade, a também cinza pomba

Ela, que igualmente livre defecou aforismas sobre autoridades pobres e latarias nobres

Ela, que melhor adaptou-se à cidade

Ela, que tão bem acinzentou-se de não selvagem

Brevidade das brevidades, eis que tudo é breve

Amigos e tudo que existe regados na composteira sifilítica

sepulcro fétido caiado - doença pasteurizada

O coração dispara e não sabemos quem somos

O palhaço convence com a máscara plástica

E a plástica convence com a palhaçada mascarada

Foi o que me disse o olhar da pomba ao cruzar a cidade ao me encontro:

Que no cinza da tarde

Era apenas o espelho.

Amor, sim, você, amor meu

O amor é como não viver sem dançar e odiar a própria perna

Anarquista, coração é fraco mas quero palavra mais forte que "anarquista"!!!

Embora o segredo mais foda seja o amor pelo sôfrego segredo desses lábios tão grandes

Medo: nem coração nem anarquista e nem violão no fim da tarde

Há que esqueça:

O medo