Mergulho
O que eu adoro em ti não é a tua beleza
Nem, por ventura, o semblante sereno que me rodeia
Ou esse olhar meticuloso que me cativa
A beleza é um bocado triste,
não pela sua integridade em si
Mas pelo o que há nela de incerteza e fragilidade
Ou talvez pelo tempo que ela consome
entre luxúrias e espelhos
O que eu adoro em ti
é esta lástima que me consola
É esta certeza de poder mergulhar de cabeça
E não saber se vou me afogar ou enlouquecer.