CÁRCERE PRIVADO
(Sócrates Si Lima)
Poeticamente,
arranquei o meu coração,
sistematicamente,
coloquei-o numa prisão.
Como ele já não mais bate,
só leva porrada,
já, muito tarde,
resolvi prendê-lo numa garrafa arrolhada.
Como em um calabouço,
sem chances de sair,
ali ficará em soluço,
sem chance alguma de fugir.
Chega dos amores perdidos,
das paixões perigosas,
dos encontros e desencontros proíbidos,
das perdições fantasiosas.
Assim, sem um salvo conduto
prendí-o para não mais sê-lo usado,
encarcerei-o num frasco bruto,
mantendo-o num cárcere privado.