PÃO VELHO
Tristeza...
Coisas da vida
Decepções e agravos...
Entenda meu espanto
Meu pranto
Meu ídolo,
Melhor amigo e irmão
Se entregou
Ao mundo dos idiotas
Que pensam que ter
É topo.
O menino que jogava bola de meia
Bola de gude
Me ensinou a soltar pipa
Me defendeu dos meninos mais velhos
Na saída da escola
O rapaz super-herói
Valente, inteligente
Me ensinou perceber a vida
Com visão critica
Me falou da tal anistia
Geral, ampla e irrestrita
Me levou na Cinelândia
A ser simpática e dizer bom dia
O sonhador, determinado
O mundo apagou
A vida transformou em um individuo
Egoísta, medíocre e territorial
Perdeu a simpatia,
já não sabe dizer bom dia
Com a mesma sabedoria,
É só conveniência
Falar por falar
Agradar
Ser aceito no grupo
Oco, tolo
Não me reconhece,
Não te reconheço
Sem magoas...
Sentimentos pequenos,
Não combinam
Com a cor dos meus sapatos
Minha tristeza é o menino morrendo
No coração do homem
Duro e preconceituoso
Machista e egocêntrico
Medíocre
Não enxerga além do próprio umbigo
Sem o menino é só mais um
No capitalismo idiota, das drogas
Para a pressão, depressão e coração
Dormi, para acordar,
Zumbi, que sorrir para agradar
Mundinho frio e besta
De quem não pensa, não faz diferença
Será substituído, só mais um,
Num funeral lotado de interesses,
Flores e lagrimas, esquecidas
Em segundos,
O que deixou?
A economia, ganância
Não pode parar
Tumulo humano
Anote na sua agenda
Para quando a morte chegar
Mande ela esperar
Você acabar a reunião
Com os moveis e as paredes
Com o que você pensa que é
Com o que pensa que tem.