Confidenciando uma Saudade

No silêncio da noite, deixo-me ficar

Evoco os teus gestos e palavras

A saudade acaricia a tua ausência

À minha volta, o sentimento do já visto

Nem a poesia acalenta o fremir dos olhares

No ritmo das pálpebras

O murmúrio das lembranças

E a tua falta despida em minha solidão

Concedo-me ao desalinhar das emoções

E a alucinação de todas as vésperas

Em que te aguarda a minha espera

No anunciar de um novo dia

O pensamento cruza o horizonte

Buscando nas asas da serenidade

Um pouso para o olhar

A voz da saudade cala-se em minhas mãos

Sabe que há palavras que não se escrevem

Necessitam apenas do aconchego do peito

E da cumplicidade do sentir inconfesso

Há no alvorecer que me espreita

Um perfume de solidão

Que me convida a introspecção

Em torno de mim, os sonhos e desejos

Que em vigília anseiam por nós

Nas paredes nuas

O eco da minha respiração suspensa

E a sombra da inquietude das minhas mãos.

Mesmo as coisas inanimadas

Aguardam o som dos teus passos

Enquanto te retardas

Em vidas que não são tuas

© Fernanda Guimarães

www.fernandaguimaraes.com.br

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 24/10/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T63064