Baixa temperatura.
Eu perfuro os números
de um calendário qualquer,
ansiando pela chegada do inverno;
pra que o tudo aqui fora,
faça algum sentido aqui dentro.
As cinzas noites incompreensíveis,
se parecem muito com o meu sentir.
Eu posso misturar à fina chuva,
as minhas lágrimas mais obscuras;
livres, elas deslizam
no gotejar das folhas.
O vento cortante em meu rosto,
se assemelha
ao lançar de estilhaços
que acontece em minha mente.
E os calafrios que me lançam
os duros bancos gelados
que encontro pelo caminho,
talvez se pareça
com as confusões
que percorrem o meu íntimo.
Meus lábios ressecados sangram
e nada pode ser feito;
combinam com as madrugadas
e meus devaneios.
Mais uma vez,
o inverno lá fora
se vai;
mas a neve continua
me envolvendo,
cada vez mais.