Passos
Em cada passo a ponte balança, o pensamento se enrosca...
Em cada lasca de madeira da ponte que balança...
Treme as pernas, insegura ponte que treme a insegurança...
E no corrimão balança a segurança numa trança de corda...
O mar se perde no olhar, sem areia e sem firmamento,...
Um risco no olhar negro azulado noite, molhada chuva escorre...
Pinga o medo que encharca o desespero...
Lágrima de cima, e debaixo um mar de ilhas internas solitárias misturas da natureza chuva das nuvens e pingos de estrelas quer se ver nublada se imagina ser...
Escorrega pelos pés a madeira de joelhos se empresta sua dor...
E no peito brusca madeira crua caia o rosto nos pregos presos de madeira...
Ventos sem lua uivam, gritam num eco amortecido pelo som chuvoso, tempestades e furacões, inundações e diques se rompendo...
E submerso...
Em seu verso...
Em seu grito reverso...
A submissa dor...
Divaga num tempo de amor...
Desperta...
Em terra firma pousando pelos braços, pés descalços e pensamentos livres...
Atordoada a alma com seu olhar ainda falho, meio fechado para si e meio aberto para o mundo...
Uma sombra incandescente se distancia calmamente encima de si...
Asa aberta acha-se...
Sem ponte...
Flutua na realidade sua...
Esticando-se na vida...