Beleza Brutal
Tentaram te encaixotar
Te transformar em uma coisa pequenina
Fácil de carregar
Tentaram te classificar
Colocar uma venda em teus olhos
Pra você não mais enxergar
Tentaram te endurecer
Tornar teu ser pesado e escuro
Não queriam deixar você ver o dia alvorecer
Tentaram te calar
Fechar sua boca para sua voz silenciar
“Chega de gritar!”, eles disseram, “Chega de incomodar!”
Tentaram te domesticar
Te impor muitas regras, muitas normas
Te pôr numa jaula pra você não mais voar
Mas nem na jaula e nem na caixa você aceitou morar
A mordaça se recusou a usar
A venda em teus olhos não conseguiu te cegar
A dureza não foi capaz de te paralisar
Não sabiam eles que é impossível
Encaixotar, classificar, endurecer
Engaiolar
Um ser que é livre desde o seu nascer
Que não possui um par
Não sabiam que não dava
Pra calar, domesticar e prender
O indomável, o selvagem,
Aquilo tudo que vai dentro de você
Porque seu corpo não cabe em nenhuma caixa
O mar é pequeno demais pra você nadar
Seus olhos enxergam mesmo quando estão fechados
Seu coração bate forte demais pra apanhar
Seu grito grita alto,
Foi feito sob medida para confundir e perturbar
Minha beleza é brutal, machuca tua fragilidade muda
Você não me engana, é mais fraco do que se pode imaginar
Se assusta com a minha presença, minha existência
Te revolto e revoluciono apenas por aqui estar
Então vá tirando suas mãos de mim
Suas garras, meu amigo, não irão me agarrar
Sou moça, sou puta, sou minha, sou muito
Não sou mansa e nem santa
Você é pouco, não poderá me parar