Um voo pássaro para a infinitude

Incertas horas, fui buscar meu eu

E só encontrei paredes amarelas

Livro com as páginas rabiscadas

E ainda um gosto amargo de café

Em certas horas fugi para o quarto

Estava imóvel, vazio e amorfo

Sem pensamentos, sentimentos

Tóxico mas ainda quase morto

Onde o espírito repousa seu olhar

Ali se cria por uns momentos a vida

Um pássaro voa dali com um susto

Também já me assustei neste mundo

A alma também se banha com terra

O barro da criação e o sopro de vida

Operária da construção do homem

Assopra sobre ele as suas graças

Este barro já imerso em espírito

Deseja plantar coisas nesta terra

Alimentos de sabores puros e frescos

Abundantes e repletos de amor e vida

O pássaro voltou apesar do susto

Trouxe barro e palha desta vez

Fez o homem em espírito e luz

E voltou para as infinitudes do ser

Deixou também seu ninho em mim

Olhei seu voo distante no horizonte

Tive medo da noite que se aproximava

Mas o pássaro ainda voava em sua plenitude em mim

Não tive mais medo e saboreei sem medo os frutos desta terra

Ela ainda produzia vida e ainda trazia em si muitas sementes.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 09/04/2018
Código do texto: T6304022
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