DEPRESSÃO

O bem e o mal me consomem

Se o bem diz faz assim

O mal contradiz de imediato.

Se o mal diz faz assim

O bem entra em ação.

Sou dois polos

As vezes paz

Em outras guerra

As vezes alegria

Em outras tristeza

As vezes lamento

Em outras sustento

Em outras vezes

Não sei quem sou

Fico perdida entre ser ou não ser

Pensar ou esquecer

Lutar ou desistir.

Sou um fracasso humano

Sofro sem sofrer

Lamento sem necessidade

Grito sem motivo plausível

E nesse fracasso

Sou a destruição

Destruo tudo que está ao redor

Não consigo me conter

E o fracasso me consome

As vezes penso que cheguei ao fim

E o ar falta aos pulmões

A respiração compassa

O coração se fecha

A fala se trava

Os olhos se perdem no marasmo

E nesses momentos grito loucamente

E ninguém ouve

Vivo assim

O que fazer?

Seguir ou parar

Lutar ou desistir

Sou um trapo humano

Que entrega sua alma ao fracasso

Que a menor das intempéries quer desistir

Não vejo um olhar de socorro

Não ouço uma palavra de mansidão

Não percebo um pensar de fé

E quero ao fim me entregar.

Prostro ao chão

Encontro a solidão

Sou a incompetência

A perfeita desistência.

Sou o fim que sangra

Só sem esperança

Sou a ignorância.

E sem que alguém perceba

Faço o que não quero fazer

Encontro-me na última instância

E no silêncio de meu grito

Entrego o meu viver

Eu sou a depressão!

NEUZA DRUMOND
Enviado por NEUZA DRUMOND em 07/04/2018
Código do texto: T6302154
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