DEPRESSÃO
O bem e o mal me consomem
Se o bem diz faz assim
O mal contradiz de imediato.
Se o mal diz faz assim
O bem entra em ação.
Sou dois polos
As vezes paz
Em outras guerra
As vezes alegria
Em outras tristeza
As vezes lamento
Em outras sustento
Em outras vezes
Não sei quem sou
Fico perdida entre ser ou não ser
Pensar ou esquecer
Lutar ou desistir.
Sou um fracasso humano
Sofro sem sofrer
Lamento sem necessidade
Grito sem motivo plausível
E nesse fracasso
Sou a destruição
Destruo tudo que está ao redor
Não consigo me conter
E o fracasso me consome
As vezes penso que cheguei ao fim
E o ar falta aos pulmões
A respiração compassa
O coração se fecha
A fala se trava
Os olhos se perdem no marasmo
E nesses momentos grito loucamente
E ninguém ouve
Vivo assim
O que fazer?
Seguir ou parar
Lutar ou desistir
Sou um trapo humano
Que entrega sua alma ao fracasso
Que a menor das intempéries quer desistir
Não vejo um olhar de socorro
Não ouço uma palavra de mansidão
Não percebo um pensar de fé
E quero ao fim me entregar.
Prostro ao chão
Encontro a solidão
Sou a incompetência
A perfeita desistência.
Sou o fim que sangra
Só sem esperança
Sou a ignorância.
E sem que alguém perceba
Faço o que não quero fazer
Encontro-me na última instância
E no silêncio de meu grito
Entrego o meu viver
Eu sou a depressão!