Poeta não tem razão social.
Seu ofício principal
não requer Alvará.

É catador de invisível.

Sai por aí removendo entulhos
juntando banalidades
limando versos...

De tanto insistir
adquire competência.

Verso não precisa de estabelecimento,
nem de endereço
para existência fixa.
Reside na língua,
vive por aí.

Ofício de poeta é peneirar vocábulos
polir expressões enferrujadas
fabricar encaixes mentais
amarrar palavras com arame linguístico
sustentar poemas
e ensiná-los a andar
com as próprias pernas.


(Do livro CATADOR DE INVISÍVEL, P. 67)