PRAÇA DA SÉ
Próxima estação: Sé...
Desembarque pela esquerda...
Na esquina da Rua Direita
Repentina, uma suspeita:
Desci na estação errada?
Viro-me pé ante pé
Vejo a imagem desbotada
Da imensa catedral da fé
Bate sensação de dor
Uma tristeza sem par
No lugar de cheiro de flor
Perfume de miséria no ar
Sem perna estende a mão
Suplica qualquer esmola
Rastejantes pelo chão
Pivetes dividem cola
Apertado o coração
Num instante me desespero
Retratos de solidão
Multiplicam-se no marco zero
Com a chegada do metrô
Partiu antiga cena
Os escritórios de dotô
Teatro Santa Helena
Segundos de implosão
Sumiu o Mendes Caldeira
No labirinto de confusão
Vanzolini perdeu a carteira
Furtado na praça Clóvis
Havia entre elas separação
Faço a prova dos noves
Tomo rápida decisão
Desvio dos passantes
Peço licença, por favor
Fujo às escadas rolantes
Entro no trem salvador
Próxima estação:
Anhangabaú... São Bento...
Pedro Segundo... Liberdade...
Nem presto atenção
No sentido: Tanto faz...
Dentro do túnel o sentimento:
A velha Sé ficou pra trás
Apenas uma saudade!