Verdade
Verdade
Feliz daquele que se entrega ao momento
Sem dor, sem culpa , pressa ou lamento
E num instante infinito se descobre criatura
Entregue aos sentidos, Ã verdade, Ã luxúria
Feliz daquele que ousa o que sente
Mergulha no beijo profundo, sincero, ardente
Que se oferece sem dor, sem medo ou tormento
E se embriaga do prazer , o mais perfeito alimento
Feliz daquele não teme a loucura
Das mãos ardentes , furiosa ternura
Do corpo aflito e trêmulo, da certeza demente
Desejo visceral , bastardo , premente
Feliz daquele que pressente as delícias
De uma pele doce, quente, ávida de carícias
Que se mostra indefesa, pura , verdadeira
A vislumbrar num segundo uma vida inteira
Feliz daquele que toca o que deseja tanto
E ignora o tempo , a dor , a lei, o pranto
E toma forte para si aquele instante
Pois o sabe imortal , mesmo que errante
Feliz daquele que mergulha fundo
Que erra, agride , grita , e aprende o mundo
Sofre , sangra , ofende a Deus e a quem vier
E se descobre divino nos braços de uma mulher
Claudia Gadini
24/03/2002