ESCURIDÃO

ESCURIDÃO

Tarda o dia

Se é que ele ainda existe

A escuridão persiste

No olho cego

Que ao enxergar

Nego

O que se descortina

Pardais empoleirados

Gaviões aguardados

Porcos chafurdados

Tudo é lama

Esgoto e escroto

Que goza desgraçadamente

Na mente poluída

Na história bandida

Que se quer destruir

Com mídia

Mas a tatuagem não se apaga

A cicatriz não some

Indelével mostra-se

Desenhada toscamente

Mente a verdade

Oculta o podre

Anuvia a estrela

O sol do porvir

Tudo acinzentado

Roto e rasgado

Num chão apátrida

É de todos e de ninguém

Os nadas e os tudos digladiam-se

Na busca do não sabido

Surgem então uns sabidos

Fantasiados de sábios

Mascarados de vestais

Não mostram suas faces

Verdadeiras máscaras

Caras compradas

Em anos de vileza

Que caem agora

Sob o peso de telas

Que a tudo mostram

Escancarando a degradação

De bípedes ambidestros

Em putrefação

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 07/04/2018
Código do texto: T6301976
Classificação de conteúdo: seguro