ESCURIDÃO
ESCURIDÃO
Tarda o dia
Se é que ele ainda existe
A escuridão persiste
No olho cego
Que ao enxergar
Nego
O que se descortina
Pardais empoleirados
Gaviões aguardados
Porcos chafurdados
Tudo é lama
Esgoto e escroto
Que goza desgraçadamente
Na mente poluída
Na história bandida
Que se quer destruir
Com mídia
Mas a tatuagem não se apaga
A cicatriz não some
Indelével mostra-se
Desenhada toscamente
Mente a verdade
Oculta o podre
Anuvia a estrela
O sol do porvir
Tudo acinzentado
Roto e rasgado
Num chão apátrida
É de todos e de ninguém
Os nadas e os tudos digladiam-se
Na busca do não sabido
Surgem então uns sabidos
Fantasiados de sábios
Mascarados de vestais
Não mostram suas faces
Verdadeiras máscaras
Caras compradas
Em anos de vileza
Que caem agora
Sob o peso de telas
Que a tudo mostram
Escancarando a degradação
De bípedes ambidestros
Em putrefação