MÚSICA

(para Clara Marlene Figueiredo, em Rio Branco/Uruguai)

Quando as ilusões povoam a alma

a amizade abre como um girassol.

Permanente é o coração-irmão

no silêncio do amor inconfessável.

Quando o vinho campeia pelo cérebro

– fio nervoso de laço infinito –

nem mais a saudade

– condão de prata e esperança –

traz o mar/amar com seu desejo

de uma onda sobre a outra,

a vida se constrói nesses momentos

de dor e soledade.

Aos meus pés,

o caminho do amor terrestre

(que eu tinha)

não mais é transitável.

Posso dizer que a vida evolou-se

como uma pluma

e tudo ficou como antes.

O coração pleno,

e os olhos, por certo,

já não vendo o mundo

com tanta tristeza.

- Do livro O POÇO DAS ALMAS. Pelotas: Ed. da Universidade Federal, 2000, p. 82.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/630167