Um trilho da Luz...*
Um trilho da Luz
São as mesmas caras
Todos os dias, todos os anos,
São as mesmas caras
Do executivo ao pedinte
Da secretária à doméstica
São as mesmas caras
Suas cores são fortes
Suas dores sem sorte
Vão de pasta, vem de marmita,
O aperto é cada vez maior
A porta não abre
No banco pouco se senta
Os velhos ficam de pé
O surfista foge do calor
No trilho da Luz
Com as mesmas caras
Todos os dias, todos os anos,
São as mesmas caras
Tem vez para os ambulantes
Tem tempo para os sonantes
É puro atraso com mais tumulto
Sem contar os que pulam o muro
Um sufoco pra sacoleiros
Um paraíso para assaltantes
Mau cheiro & muita cachaça
Elas são enconchadas mesmo com o olhar duro,
No trem que segue pra Luz
Lotado com as mesmas caras
Todos os dias, todos os anos,
São as mesmas caras
Há quem diga, que um dia já foi bom!
Peixão89
*(faz parte do Tombo XXI – “Para Sentir” – 1993)