O Nome do Anjo
O Nome do Anjo
Pousou nos meus dias um anjo avesso
Mas não caiu de uma nuvem distraída
E sem asas ou qualquer adereço
Brotou da terra quente e ardida
Possui os olhares dos campos vazios
Qual miragens das telas do gênio holandês
Quando triste se oculta em mares arredios
Mas nos bares sorri como antigo freguês
Traz na mochila seus muitos segredos
E vidrinhos coloridos de conteúdo variado
São tantos que não posso contá-los nos dedos
Cada um guarda em silêncio o seu significado
Esse anjo tem o mistério das almas sofridas
No seu pouco falar reside um verbo apurado
Não canta amores ou ilusões perdidas
De paixões e arroubos se mantém isolado
Não que lhe falte doçura ou certa sensibilidade
Sua missão revela um querer mais profundo
E enquanto esse anjo observa a humanidade
Captura em seu peito as dores do mundo
As vezes chora no balcão da era perdida
Mas que não se diga que esse anjo é triste !
Pois de tanta beleza me ilumina a vida
Que nem lhe sei o nome. Me basta saber que existe...
Claudia Gadini
09.07.05