A LA CARTE
se és o que comes
nada serias se nada comesses
mas vejo-te sempre a devorar tragédias
como se teu sistema, sem rédeas, jamais se enchesse
se és o que comes
morto estás por dores comer
escapa-te o sumo negro pelo canto da boca
na sofreguidão louca de destrinchar e sorver
sim, és o que comes
estampada na tua cara a amargura com que te fartas
prazeroso para ti deve ser o avinagrado da tristeza
pois pões à mesa sempre a mesma fruta povoada por lagartas