No homem, o desejo é tormenta de pó:
Um mistério selvagem e desabitado.
No gozo, aflição; sem gozo, feroz enfado.
Quanto mais acompanhado, mais está só.
Cada momento se passa em ferrenha mó.
Numa ventura de desejo consumado,
Em mil sobressaltos de sonho triturado,
Há feridas sem cura, castigos sem dó.
Tudo nele ensombrece, tudo nele brilha.
No dia, tormento em febricitante noite...
Na noite se disfarça em véus e maravilha...
Crença, desejo, conquista? Ilusões, amoite.
Num homem tudo não passa de vã armadilha:
Amor? Cova escura!... Paixão? Cruel açoite.