Arquiteto de papelão

O poeta é um construtor sem teto...

Arquiteto exímio das palavras elabora versos como quem ergue palácios,

constrói castelos sublimes com uma linha apenas.

Mas é na sarjeta, ao relento, sobre um pedaço de papelão úmido e frio

que encontra a sua morada perfeita.

Poeta é assassino exímio.

Mata e oculta o cadáver sem deixar vestígios

depois, transforma o velório de caixão fechado

em evento espetacular de corpo ausente,

dizendo tratar-se de homenagem ao morto.

No circo armado pelo poeta:

- O vento dança com as formigas.

- As cigarras dançam com os cigarros.

- E a poesia reina soberana, enquanto impunemente

segue pela vida fazendo novas vítimas.

JWPapa
Enviado por JWPapa em 31/03/2018
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