Inócuo
Tenta levar-me à ruína.
Tenta mais uma vez.
Afoga-se no vácuo cinzento.
Tenta destruir-me, mais uma vez.
Destrói o pouco que tem.
Tenta puxar-me para baixo.
E então vê que pode apenas rastejar sobre suas próprias fezes.
Tenta causar a mim uma fração do que é a tua desgraça.
Causa-te a ti mesmo o triplo do que tentaste contra mim.
Tenta, miserável, tenta realizar os teus desejos psicóticos.
Na tentativa de expurgar todas as suas lamúrias.
Tenta atacar-me, tenta invalidar-me.
Para finalmente obter vingança sobre aquilo o que te assusta todas as noites.
Sonha comigo, desgraçado.
Pois apenas lá é capaz de fazer qualquer coisa real contra mim.
Estende a mim a imagem que tem do seu nêmesis primordial.
Aquele que castrou-te quando criança.
Tenta me causar dor, perfurando a ti mesmo.
Despeja a tua raiva sobre a tua companheira, já que é indefesa.
Vinga-te da traição a céu aberto que aquela outra lhe aplicava.
Descarrega toda a tua raiva por ter sido sempre o bode expiatório.
Mas tenta causar-me qualquer desconforto.
Tenta ameaçar a integridade de meu ego.
Tenta, figura decadente. Tenta!
Pois aguardarei ansiosamente o seu agenciamento.
Este que tanto acreditas que de fato tem.
E quando finalmente o tentar,
Verei o teu apocalipse de cima para baixo,
Através de olhos no solado de meus pés.