NO ÉDEN
Tu me destes de comer todas as frutas
As ácidas, as doces, as amargas, as suculentas
E me ordenastes apenas uma sentença
"Daquela que está no meio do jardim não comerás."
Só olharás com os olhos e lamberás com a testa...
Eu que andava desnudo, sem pudor pelo jardim,
E que brincava inocente com os querubins
E ainda não me sabia pelado, nem experimentava as cores do pecado...
Minha pele era a tela em branco em tons de inocência,
Sur tons de pureza e castidade à luz do sol...
Mas de minha costela fizestes Eva e a destes-me por minha companheira
E ela me ofereceu o fruto do meio, e eu comi a fruta sem receio
E descobri o bem e a maldade, e me envergonhei de minha vaidade
E vi meu corpo nu, tão descoberto, e o gosto daquela fruta nos lábios quentes
Mostrou-me o sabor do errado e o certo, tirou-me o paraíso, deu-me o deserto.
Quando eu sinto saudades lá de casa, rasgo humildemente as minhas vestes
Cubro de cinzas meu orgulho e vaidade, peço perdão por minha insanidade
Por não ter resistido ao fruto do meio, e ter ferrado toda humanidade
Por eu ter me rendido ao segundo sexo, e ter me lambusado por inteiro...
By Nina Costa, in 03/03/2018
Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil
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