Arco-íris
Era uma pequena sociedade,
que se engrenava em cores,
a horta daquela comunidade
era o canteiro verde do Midore;
a donzela do recanto,
não era tão pura assim,
um sorriso amarelo de espanto
escondia uma alma em carmim;
o guarda assentava a praça
preservava tudo em azul,
zelava pela pedra e pela vidraça,
a mãe era judia, e o pai era de Cabul;
o prefeito era suspeito,
uma autoridade parda,
tinha pequenos defeitos,
mas em político isso é farda;
a noiva era de passado casto
porém seu conceito era manco
seu rol de casos era vasto
mas seu vestido era branco;
o coveiro era nefando,
mas as carpideiras eram sentinelas,
tornavam o luto mais brando,
choravam para apagar seqüelas;
havia nuances em profusão
brincava com tonalidades o artista
almas brancas na procissão
pecados escuros a perder de vista