Arco-íris

Era uma pequena sociedade,

que se engrenava em cores,

a horta daquela comunidade

era o canteiro verde do Midore;

a donzela do recanto,

não era tão pura assim,

um sorriso amarelo de espanto

escondia uma alma em carmim;

o guarda assentava a praça

preservava tudo em azul,

zelava pela pedra e pela vidraça,

a mãe era judia, e o pai era de Cabul;

o prefeito era suspeito,

uma autoridade parda,

tinha pequenos defeitos,

mas em político isso é farda;

a noiva era de passado casto

porém seu conceito era manco

seu rol de casos era vasto

mas seu vestido era branco;

o coveiro era nefando,

mas as carpideiras eram sentinelas,

tornavam o luto mais brando,

choravam para apagar seqüelas;

havia nuances em profusão

brincava com tonalidades o artista

almas brancas na procissão

pecados escuros a perder de vista

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 28/03/2018
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