O tempo como sujeito
Não guarde fatos velhos
São partes que envolvem relatos
E abstrai a linguagem da alma
Num discurso deserto e sem lógica
No fio da lâmpada de uma luz coberta
No tempo é a pele que resseca a vida
Deixando no íntimo rugas em listras
O olhar segue a anatomia do dia
E prende nas mãos o tempo em desilusão
Debruçado no balcão em partes
Para desfazer as marcas vivas e nuas
O tempo como sujeito traz uma amostra
Deixa na lateral de um sonho sem contexto
E na voz bruta da dor que pulsa
Pela única folha da porta entreaberta
Junto ao capricho dos lábios que oravam
Pela solidão que se lançava em células
No evento de um mundo velho
Pelos olhos que declinam em mãos postas
Lá onde o infinito se faz presente
Num recanto fora do mapa e cheio de água
É a maturidade que atravessa o espaço
E na janela o mundo frágil pede
A validade vencida pela realidade ausente
Sobrou o aval de quem tinha visto
O mundo mata desmata e remata
Sem o testemunho dos olhos conscientes
Inerente ao silêncio dos pensantes
Que cirze os mistérios da vida partida
De graves espinhos e perpétuo final
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