Rotina Maldita

O sol já se pós de pé

O detestável alarme veio

Dizer-me

Com aquele jeito aflito

Soberbo como sempre

Aos gritos

Estourando meus ouvidos

E eu me irrito, refilo

Nos braços da coberta

Eu me piro

Quase que me estico

Aí mesmo encontrado

Deitado sem escolhas

Recolho meu corpo

Morto dia pós dia

Cansado de acordar

Apesar de nunca ter dormido

Largo a cama que implora

Que chora pra que eu fique

Só por mais uns bucados

Mas vou embora

Há um balde de água

Gelando, me esperando

Lá fora, me seguro, aturo

Me tapo com um sorriso

Depois que sirvo nos farrapos

Me procuro desprendido

Até que dou por mim

Inibido, incessantemente

Aborrecido com o amanhã

Que será tudo, novamente.

Kamba Kabeto
Enviado por Kamba Kabeto em 25/03/2018
Reeditado em 06/01/2021
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