Rotina Maldita
O sol já se pós de pé
O detestável alarme veio
Dizer-me
Com aquele jeito aflito
Soberbo como sempre
Aos gritos
Estourando meus ouvidos
E eu me irrito, refilo
Nos braços da coberta
Eu me piro
Quase que me estico
Aí mesmo encontrado
Deitado sem escolhas
Recolho meu corpo
Morto dia pós dia
Cansado de acordar
Apesar de nunca ter dormido
Largo a cama que implora
Que chora pra que eu fique
Só por mais uns bucados
Mas vou embora
Há um balde de água
Gelando, me esperando
Lá fora, me seguro, aturo
Me tapo com um sorriso
Depois que sirvo nos farrapos
Me procuro desprendido
Até que dou por mim
Inibido, incessantemente
Aborrecido com o amanhã
Que será tudo, novamente.