UM DIA
UM DIA
Um dia fui embora
Para sem saber
Não voltar
Nem olhei para trás
A faina me chamava
E a raiz pouco importava
Precisava transmudar
Para sobreviver
E também transmutar
Abandonar o mar
A maresia
A areia quente
O sol poente
No horizonte conhecido
Desconhecido segui
Novos horizontes
Sem sal
Outro sol
Que se punha sem horizonte
Mas a vida seguia
E os olhos aos poucos
Acostumaram-se a secura
Ao chão duro
Ao liquido puro
Insosso
Destemperado
Louvando o sagrado
Dos corpos cobertos
Pensamentos profanados
Das luas brancas
Sem pratear águas
Apenas as pranteadas
Cheias de sal e saudade
Dos idos embora