UM DIA

UM DIA

Um dia fui embora

Para sem saber

Não voltar

Nem olhei para trás

A faina me chamava

E a raiz pouco importava

Precisava transmudar

Para sobreviver

E também transmutar

Abandonar o mar

A maresia

A areia quente

O sol poente

No horizonte conhecido

Desconhecido segui

Novos horizontes

Sem sal

Outro sol

Que se punha sem horizonte

Mas a vida seguia

E os olhos aos poucos

Acostumaram-se a secura

Ao chão duro

Ao liquido puro

Insosso

Destemperado

Louvando o sagrado

Dos corpos cobertos

Pensamentos profanados

Das luas brancas

Sem pratear águas

Apenas as pranteadas

Cheias de sal e saudade

Dos idos embora

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 24/03/2018
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