Cantos do Coração
Cada coração tem o seu canto mofado,
Empoeirados fungos dos seus motivos,
Tudo lá está ainda como semiacabado,
Nas prisões e seus apenados indevidos.
Cada coração tem suas marcas de fúria,
Buracos chagados, encharcados de dor,
Tudo lá se constrói por efêmera injúria,
Necrose aceitável de uma vida a se pôr.
Cada coração tem as diástoles imaturas,
Suas versões doentes em sístoles vazias,
Viajantes recém-chegados e más figuras,
Alma cáustica, olhar falso, as mãos frias.