A fuga da poesia.

Rio, 23.03.208

Afuga da poesia.

Eu já tentei fugir da

Poesia que me guia,

Essa coisa arredia que faz

Morada em meu olhar,

Mas que eu procuro

E não encontro em lugar nenhum.

Eu já tentei ser mais um

E enxergar o mundo sem encanto,

Não ver a beleza em cada canto.

Não deslumbrar ao ver

O mar quebrar na praia.

Eu gostaria de não achar

Tão linda a anatomia

Que é coberta pela saia.

Ah meu Deus! Eu já

Quis tanto não me emocionar

Ao ler os sonetos de Camões.

Eu super toparia não

Perceber a melancolia do outono

Ou essa alegria que sempre

contagia em todos os verões.

Eu já tentei, eu já perdi meu sono,

Fiquei feito um cão sem dono

Ao repudiar a minha a inspiração.

Eu já neguei, eu já deixei no abandono,

Tentei me extraviar ao coração.

Mas não tem jeito não,

A poesia me seduz tal qual

Perfume de mulher,

Ela me enquadra, me induz

A fazer o que ela quer.

Ela é feito luz, é susurro no ouvido,

É sensualidade, é libido,

Tudo isso e muito

Mais é o que ela é.

Eu já tentei fugir da poesia,

Mas ela sempre me

Pega pelo pé.

Clayton Marcio.