Ao mar
Quase que, de vento em polpa, o barco vira
E a maré que imensa, nos delira
Faz miragem, de uma terra prometida
Quando chega o pôr do sol
O farol é quem nos guia
Sob a lua, e sua maestria
Reina o céu, e o eterno enigma
Sobre o canto da maré
As ondas quebram meus pensamentos
Molhando meu rosto com água de sal
Na proa do barco do ressentimento
A noite será de pesca, longe dos tubarões de terra
Aqueles carniceiros, que mordem e sorriem
Nessa noite, só a brisa e a escuridão
A rede de arrasto, que leva meu coração
Para um mundo que se fisga, com isca
Suculenta à cardumes de todos os mares
O desejo do além mar, além céu, além sonhar
Pois todo barco navega para atracar
Navegando e negando que um dia
A vida, com as redes cheias ou vazias,
Te fará sentir naufragado
Em uma tempestade, em forma de maresia.