Pindorama antropofágica
A bandeira
Rasgou-se
Perfurada
Pelos dentes
Dos guerreiros tupinambás, numa grande taba antropofágica!
O Tacape
A Muçurana
E a boca
Saboreia sim,
De jaci à noite, de Guaraci o dia e de Mozart a flauta mágica!
O sabiá
Sabia
O canto
Selvagem que,
Junto ao Boré, compunha o ritmo vivo das cigarras elétricas,
A energia!
Os trovões
E Xangô
Reluzindo
Através do plenilúnio universal na direção das Américas.
As mãos da cigana
A mãe de santo
E a madre lendo
Com ternura
tatuagem de um xamã à sombra dos tamarindos sertanejos
Sem prisões!
Sem fardas!
Só a nudez
E a espreguiçadeira
Nas florestas e nas cidades, nas intuições e nos desejos.
A metafísica bárbara!
O nomadismo
A importação
Da inteligência canibal
Pois em Pindorama é o carnaval que acorda a seresta.
O samba!
O carcará
Corta o céu,
Para as Áfricas voará!
No improviso do Jazz, aos passos rápidos da festa.
O tabu
Transformado
Em Totem.
A terrena finalidade.
Contra a catequese. Contra os bigodes grisalhos e o cinzento das cartolas!
Contra as elites curupiras!
E seus pés voltados para trás,
Encobertos nos divãs de seda
Da colônia mais cobiçada.
Reflorestaremos nossas florestas e construiremos outras escolas.
Vomitaremos o sujeito oculto!
Leiloando petróleo
Em Wall Street
Em troca de gramáticas mofadas.
País de golpes anônimos, mausoléu bragantino de Bonifácios de Andrada.
Por outro direito
Por outra justiça
E não só libras e dólares,
Estampando as façanhas de Hércules e Gibraltar.
Redescobriremos não só a alegria, mas a poesia entre os fatos fotografada.
Oculta
Cândida
Natural
Neológica.
Absorver o inimigo sacro na síntese, no equilíbrio, na invenção e na surpresa.
Em seu ocre
Em seu açafrão
Em seu minério
Em sua cozinha.
Magia. Maquinaria. Matriarcado. Experiências que humanizarão a natureza.
Roteiros
Roteiros
Roteiros
Roteiros...
Rasgaremos as velas da saudade que a recordação redigia.
Temos a máquina!
Criamos a indústria!
E a velocidade online
Do arqueiro caraíba.
Nossa revolta
Nossa luta
No coração
Da utopia
E uma
Grande fome.
Antropofagia!