CAUSO DE NETO

CAUSO DE NETO

Pai, esse seu pai é doido
e um tanto quanto homem...
Uma noite d'essas, pela fresta
vi ele em luta, com lobisomem.

Outro dia, um feito bacana
ele, com aquele doidura toda
estava aos pulos, pelo terreiro,
as voltas, com cobra, caninana!

É como digo pai...
Esse seu pai, é mesmo maluco!
mesmo com o tempo que se vai
ele, permanece marruco.

Montou n'um burro sem sela
animal ainda, bravo...
O bicho quebrou a cancela
e atirou-lhe no cerrado.

É pai, esse seu pai é uma folia...
Sempre corre pela barra do dia
e a tarde as vezes com fadiga
sonha em suas fantasias.

Já deu banho em ouriço
rangeu dentes com queixada
e a turma do deixa disso
ele apartou a pauladas.

Ele nem parece velho
esta longe de ser caduco...
Mas tem lá uns cacoetes
que lhes rendeu muitos tietes
entre historias de malucos.

Em sonho, n'uma noite achei
ele enxugando o sol
e estendia a prata da lua
no varal com seu lençol.

Com esteira buscou água
p'ra fazem uma cachoeira
o fogo da mata ele apaga
com arco, d'uma peneira.

Meu pai, seu pai é o pai...
Do pai melhor desse mundo
que trouxe-me, vida e os ais
nos quais viverei a fundo.

Antonio Montes
Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 20/03/2018
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