500 caminhos
(Poema comemorativo aos 500 textos compostos aqui no RL)
Fui aos confins procurar
Algo que ao certo não sabia se ia encontrar
Busquei em lixões uma razão
E me perdi no jardim da ilusão.
Tomei café frio
Coloquei minha vida em um fio
A tênue do bom senso quase rompeu
E dessa vez quem quase se lascou fui eu.
Achei por demais saber
Só que nada eu conseguia compreender
Viajei para tribos
Conheci uma diversidade
Me tornei meu próprio inimigo.
Nômade eu fui
Forasteiro também
Provei de culturas com uma grande colher
Me saciei de vaidade como um outro qualquer.
Dei tiro em alvos errados
Apontei para o vulto da percepção
Errei feio, fui uma decepção
Criei hematomas com carinho
Fingi que não era sozinho.
Mudo, eu tentei falar
Sem direção, tentei arriscar
Em um mar sem peixe, tentei pescar
Colhi um coração com gangrena
Percebi, que aquilo não era mais uma cena.
Rasurei uma pintura
Borrei poemas feito com pétalas de rosas
Derrubei árvores de confiança
Me solidifiquei em uma raiz morta.
Mas tive êxito também
Aprendi e aprendo todos os dias
E dei descarga na minha principal covardia
Aquela que um tremendo mal fazia
Me dei uma dose de esperança
E mais uma vez persisti na mudança.
Corri por 500 dias, 500 textos, 500 emoções
Plantei em cada palavra a minha satisfação
Dei um afago a dor
Dei um gole no amor
Dei razão a minha existência
Voei alto em versos singelos
Entoei serenatas aos que me leram
Vezes ou outras derramei lágrimas nos papéis
Deixei escorregar sentimentos nos quais eu não queria sentir
E também fui feliz quando não era para rir...
E vou seguindo, andando pela escuridão da selva
Enfrentando barreiras intransponíveis
Caindo nas ladeiras da vida
E ganhando forças sob a luz da candeia
A luz que me ilumina...