O grande mentiroso distraído perdido em palavras num campo de batalha!
Anonimamente, sou um mercenário!
Um grande mentiroso distraído em palavras num campo de batalha!
Imaginava-me grande herói
Em aventuras mentirosas
Contaminado em altos riscos
E cada vez mais me perdendo
Em conversas falsas.
Meu único caminho, Machado!
E suas idéias, seu bom texto,
Sua ironia e observação do homem em construção!
Organizo-me e reorganizo-me
E nada, continuo aquele mesmo mercenário anônimo,
O distraído mentiroso, perdido em palavras!
Degrado-me em cada siginificado
E construo-me em cada crise.
Quando contemplo minha serenidade
Perco-me num inquietude insaciável, portentosa!
Distraio-me nas palavra,
Na busca de um carpinteiro habilidoso
Que se cristaliza no tempo paralisado.
E amanheço o mesmo mercenário anônimo
Ainda aquele mesmo distraído mentiroso que se perde em palavras!
Obcecado, construo um caminho onde o tempo se chama lembrança
E a vida se torna uma redoma infinita e eterna,
Absoluta e intocável!
E os instantes permanecem,
Vagam como um bem querer certo e limpo
Embalando uma canção antiga
Que aquece o frio da alma
E recoda os velhos poetas numa tarde fria e solitária!
Egoísta!
Permaneço, anonimamente, o mesmo mercenário mentiroso distraído perdido em palavras!
No espelho, a imagem imóvel
Diante dos olhos tristes que se banham no rio,
Na paisagem em frente!
E, inevitavelmente,
Vejo-me um rio antigo de águas turvas que se perdem no mar.
Passa o tempo! Arranca-se as pétalas,
A verdade desta hora?
É a verdade com que me prendo à vida!
O tempo flui, arrasta a vida
À velocidade de segundos.
A vida? Continua sem mim!
E eu? O mesmo mercenário!
O grande mentiroso distraído perdido em palavras num campo de batalha!