Sou
Sou tempestade de areia
Que no deserto se agita
Sou a voz que não se ouve
Mas que fala, mas que grita.
Sou a voz da consciência
Que acorda moribundos
Sou a luz da minha sombra
Que brilha entre dois mundos.
Sou a outra parte de mim
Que há muito de mim fugiu
Sou o eu, que em mim habita
Que nunca de mim saiu.
Sou a árvore que renasce
Da raiz da minha morte
Sou a força da inércia
Que dá outro rumo ao norte.
Sou a dor que dói em mim
Sou a outra face da lua
Sou o cavaleiro andante
Que em seu cavalo, flutua.
Gilberto Fernandes