P R E C I O S I D A D E S (105)
ESCREVO PARA QUANDO . . .
Escrevo para quando eu não mais existir
saibam quanto o prazer e o espaço me encantaram,
e que meu livro conte àqueles que virão
quanto a vida eu amava e a doce natureza.
Atenciosa ao labor dos campos, do casal,
marquei em cada dia a forma da estação,
porque as águas, a terra e a chama que se alteia
em sítio algum são mais bonitas que em minha alma,
Eu disse quanto eu vi e quanto apreciei,
nunca sendo para mim a verdade insolente,
esse fogo amei levada pelo amor,
pra ser depois da morte inda amada outra vez,
E que um moço, algum dia, ao ler o que escrevi,
por mim sentindo o coração terno e surpreso,
esquecendo de todo as esposas tangíveis,
me receba em sua alma, a elas me prefira.