Do Fundo dos Olhos Meus
Sinta o meu calor,
Mas não olhe dentro dos meus olhos.
Segure a minha mão, sem tocar em mim.
Não estar perto é o mesmo que proximidade
E talvez até aquela minha
Ausência tão presente
Que eu gosto que ignorar.
Me enxergue bem de perto
Mas não olhe dentro dos meus olhos.
O estar aqui é uma presença indecisa
Que aprendeu comigo não saber escolher.
Tu és capaz de me sentir
Embora não sejas capaz de me ver.
E porque acreditas na possibilidade de tocar
O que não se permite,
Quem fala, logo consiste,
E de tanto silenciar, desiste.
Eu quero que você me abrace,
Sem que meus poros toquem os seus.
Eu sou escuridão que cintila
E que luz nenhuma pôde iluminar,
Sussurre em meu ouvido
Sem palavra nenhuma dizer,
Não olhe no fundo dos meus olhos
Porque a razão da minha cegueira,
Eu guardo a sete chaves
Em um cd.
Me ame sem que seu
Egoísmo perceba.
E que eu seja só mais uma
Linha irregular do seu batimento,
Bem distante da ritmia.
Saudade de perto
É ficção
E presença distante
É mentira.