O primeiro último poema
Não vim dizer
Vim escrever
os meus versos na água
Na área, no ar desse tempo
que tudo passa
Não vim dizer
Vim ser
Eu destituída de comparações
E semelhanças.
Não sou uma identidade
Sou antes pluridentidade...
Eu só não sei ser
Eu só não existo
Sou eu e os Outros
Todas As Outras e Eu.
Não sou só uma flor bela
Sou uma Florbela espancada
E que tem alma
Sou uma SoFrida
Que pinta a si
Em seus quadros de palavras
E versos...
Atropelada pelo bonde
Mas sempre resistente na vida.
Olho para as minhas mãos
E coração...
vejo os calos do tempo,
As feridas
vejo outra de mim
Tão clara e diversa
Irmã e desconhecida...
Vejo marcas e sinais
de que sou capaz de sobreviver
A Tudo...
Sou Frida
Não mais sofrida do que
Sou Bela
Não só mais uma flor espancada
Sou mulher forte
Sinto no âmago
A dor de ser, viver, sentir
E o tormento de pensar
Não sou mulher frágil
Sou mulher de couraça
E coragem
revestida de sentimentos.