Rio de Contas
Parecia inesgotável
a riqueza tirada de suas águas.
Bateias, pepitas douradas,
areia, trabalho e cobiça.
Gotas de suor, gotas de dor.
Contas a prestar ao Rei.
Contas coloridas, gotas doloridas.
Lágrimas de amor, espasmos e calor.
Parecia inesgotável
a riqueza levada para Portugal.
Por bem ou por mal.
Ouro, água e esperança.
Contas a prestar, contas a levar.
Contas a contar ao Rei.
Gotas douradas, gotas doloridas.
Lágrimas, sal e saudade.
Parecia, mas não era inesgotável.
Riqueza levada, riqueza acabada.
Pelo bom, pelo mau.
Rio, água, pepitas.
Ouro, lágrimas, contas.
Sal, sol, saudade.
Hoje, Rio de Contas
- terra dos meus ancestrais -
planta flores, respeita a natureza
e colhe muita amizade.
(Para Elzeário Santos Viana, meu pai, baiano de Rio de Contas)