Quero
Q U E R O
Que alguém extasiado,
caia ante mim.
Transfigurado pelo amor,
suplique bem assim:
Quero um pouco de carinho.
Um pouco só, me basta,
para abrigar-me do frio
que me devasta.
E peça, ainda:
quero teu sorriso, teu olhar,
teu beijo, teu calor.
Sentir teus braços me envolverem
e morrer queimado de amor.
E continue:
quero teus lábios, tuas mãos,
Teu corpo, enfim.
Eu direi:
nada me afeta, eu sou assim.
Quero que ele envergado
pelo peso deste amor,
caia de joelhos
e, implore, por favor,
migalha de carinho.
Quero que ele se humilhe,
chore e diga suplicante,
que tudo daria no mundo
para que eu fosse sua amante.
Quero!
Quero que, se desmanchando,
só para me agradar,
eu possa, com mais facilidade,
seu coração esmagar!
Quero que ele sofra muito.
Talvez, aquilo que sofri
por gostar de ti
e em vão amar.
Porque, criatura egoísta,
não se pode o amor desdenhar.
Assim, vendo nos outros,
o que eu padeci,
possa ver quão pouco prestas
e como tenho pena de ti.
MAI/1958