PROSA DE COVEIRO

PROSA DE COVEIRO

Diga ai, coveiro...
Enterrador de todas as mortes!
Morte do sul leste, oeste e também...
A velha conhecida morte, do norte.
Diga lá... Se os mortos tem diferença,
e qual morte que tu já enterrou?
_ Para os mortos a morte é igual...
A morte não tem distinção nem racismo
ela não faz cara de pau.
Com ela, não tem isso, nem aquilo...
Enterrar, enterrei... Todo tipo de morte
morrida, matada doente e ferida.
Enterrei a morte enforcada e toda morte
que levou a vida.
A morte não marca encontro, não escolhe
hora, lugar nem dia, as vezes ela vem alegre...
Em outras vezes... Com agonia.
A morte não escolhe, hora, minutos tempo,
segundo, ela vem para quem é rico... Da
mesma forma quem vem, para o vagabundo.
A morte vem passando régua no ímpeto, na
flor e na dor... Passa régua na solidão, e na
alegria do amor... Passa régua na velhice, no
alvorecer da juventude, passa a régua em
quem pensa em viver, no recém nascido
... Passa a régua, antes de nascer.
A morte é dona e rainha de tudo
que existe por ai,
basta nascer que o seu mundo,
já é dela... Assim como seu existir.
Se ganha vida já é dela...
Ela é dona da goela
em cada respiração dada...
do ritmo, do tic-tac
do feio, da feia e da bela,
da rima do conto e da fada...
A morte navega no tempo
e vai com a vida de mãos dada.
Antonio Montes
Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 12/03/2018
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