Coar café
Dentre os muitos equívocos
Do uso que fazemos da razão
Está o de pensar
Que a manhã é mãe do dia.
A mãe do dia
É a noite.
É ela que o põe
Nos braços
Embalando os sonhos
Que amanhecerão.
É ela que vela
O pouso
Que só
Pela crueldade capital
Dos dias
Está mais perto da morte
Que do renascimento.
Coar café
Faz eco daquela verdade.
A água faz a travessia
Pelo escuro pó
Dos grãos
Donde nascem
Aroma e sabor
Dos passos
Por vir.
Excurso:
Coo café
Como quem recusa
Todos os modos
Expressos
De nascer.