Abismo de paz
No abismo fosco e cinza da tristeza que me cerca
Nada nunca foi tão certo quanto a dor que em mim desperta
Sigo rumo ao horizonte da jornada tão incerta
Instável é a minha vida, um tanto quanto desconexa
E lá no mar profundo eu pulo
Vou tentando me salvar
Do que me matou em vida
Do que massacrou meu lar
Já não respiro o ar puro
E nem preciso respirar
Porque a onda que me leva
Carrega embora o meu penar
E assim flutuo levemente
Como nunca antes pude
Sigo mui tranquilamente
Na doce vicissitude
Com a dor, não me preocupo
Pois quem dorme nada sente
Eu, infeliz, não mais serei
Se enfim dormir eternamente.