O MILAGRE DAS LAGRIMAS
Era noite.
O perfume de um lirio,
Parecia envolver a chama indecisa de um Cirio...
No ambiente uma coisa estranha diferente,
Pairava...
A mulher de mãos brancas, cansado olhar,
Vez por outra fitava a chama indecisa a rebrilhar...
Ao seu lado, um berço!
As contas de um têrço, nas mãos alvas corriam...
E a mãe parecia cantarolar a melodia do embalar...
Mas seu olhar parecendo às vezes distraido,
Descansava sobre o rosto do filho adormecido.
O fantasma da dor dava pinceladas de amargor,
E, fitando a criança querida,
Seu pensamento mentalizava a cruz...
E dela parecia se desprender a imagem pura de Jesus...
"Que queres tu?"
Disse a meiga voz...
--Ah! Mestre, quero que meu filho veja as belezas do mundo!
Quero que ele seja feliz como os outros pequeninos...
Mestre,não me deixes nesta incerteza cruel.
Parece-me que bebo um taça cheia de fel!!
Ah! tudo passou...
O tempo trouxe novos luares,
Desabroxou as flores, mudou a direção de vento...
Uma noite , era a de Natal.
A pobre mulher, esquecida já da promessa do Mestre, achando sempre
Que a cegueira do filho era mal, orou com singeleza mas,
Que estranha beleza irradiava do olhar.
A emoção tentou por vezes repletar aquele coração...
E lágrimas sentidas aquela que já trazia guardadas na alma,
De outras vidas, pela face rolaram!...
O filho no regaço, as pérolas que desceram dos seus olhos garços,
Com certa timidez umedeceram os olhos da criança uma raio de esperança surgiu...
As mãos do filho se ergueram então,
Para colher a última lágrima que eclodira do dorido coração...
À porta do casebre estranha luz, abraçava a tudo!
E a mãe, agora feliz, tinha as mãos do filho secando os seus olhos de veludo.
"Mestre, disse ela sorrindo...
Meu filho já está vendo"!...
E num gesto de amor, os braços estendidos para Jesus,
Viu-o desaparecer com um sorriso no meio da estranha luz!...
Jaubert