LONGANIMIDADE
Meu amigo,
vivemos tempos estranhos:
a mocidade se esvai
ligeira
e a esperança adormece,
petrificada.
Ah, meu amigo
os amores são raros
e instáveis.
Sonhos, quase não os temos
e o corpo requer outros cuidados,
menos desejos.
Meu amigo,
o gado rumina pensamentos
os dias, famintos,
silenciam nossos olhares
a fé se cercou de dúvidas
e não somos mais tão racionais...
Ah, meu amigo
faltam soluções
alternativas foram tolhidas
e as noites, densas,
despertam-nos inquietudes.
Meu amigo,
para se viver agora
é preciso esforço, dores
doses extras de burocracia
e muita longanimidade.