LONGANIMIDADE

Meu amigo,

vivemos tempos estranhos:

a mocidade se esvai

ligeira

e a esperança adormece,

petrificada.

Ah, meu amigo

os amores são raros

e instáveis.

Sonhos, quase não os temos

e o corpo requer outros cuidados,

menos desejos.

Meu amigo,

o gado rumina pensamentos

os dias, famintos,

silenciam nossos olhares

a fé se cercou de dúvidas

e não somos mais tão racionais...

Ah, meu amigo

faltam soluções

alternativas foram tolhidas

e as noites, densas,

despertam-nos inquietudes.

Meu amigo,

para se viver agora

é preciso esforço, dores

doses extras de burocracia

e muita longanimidade.

Raphael Cerqueira Silva
Enviado por Raphael Cerqueira Silva em 09/03/2018
Reeditado em 10/05/2018
Código do texto: T6275436
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