Anjos da madrugada
Sozinho junto ao meu leito,
triste e pálido sob a lâmpada,
vela um anjo de figura clara,
de delicadeza infinita.
Descrevo-o como um homem
em corpo de mulher;
seu semblante é muito grave
e sua voz derrama amor.
Mais adiante, em pé,
um anjo parece meditar;
tem olhos duros e corpo de cachorro,
e pensa nos filhos que vai ter.
Chega um terceiro anjo;
é o anjo da agonia.
Suas chagas abertas...
Não se pode entender sua existência.
É o anjo das chagas de ouro.