Arquitetura (a)temporal

Me encontro em um quarto mal planejado,

no qual certas gavetas são impossíveis de abrir

estando outras abertas,

e na impulsividade de abrir uma rapidamente

acabo por quebrar o puxador de outra,

impossibilitando a visualização real do interior da mesma,

tentando, em vão,

lembrar do conteúdo que se encontrava no escuro de sua trancada sabedoria.

Mas nessse cômodo, que,

de início,

parecia tão mal organizado,

percebo,

seu desenho é arquitetonicamente perfeito,

seu labirinto de cômodas empilhadas

mostra que

como em um cubo mágico

não há cores que se encaixem no mover dos quadrados,

sem que sua lógica o permita.

As gavetas respeitam um ritmo,

só se abrem na consonância de uma com a outra,

com o tempo a ser maestro de tudo que está por vir.