O penugento

Quando leio o que escreveram os grandes poetas

Sinto-me como um pássaro em penugem

Que assiste tantos voos rasantes e majestosos

E enlouquece no ninho com vontade de voar

Mas a vontade acaba no primeiro pulo ou poema

No primeiro pulo fora do ninho se esborracha no chão

E no chão fica ao alcance de todos os seus predadores

E no chão vê que é impossível um penugento voar

Um penugento também não vai saber escrever poesias

Só tem penugem e nenhuma pena a sacar contra o papel

Poesia não é tarefa de pássaros, que em si são poesia

É tarefa de homens que sem asas se atrevem a voar

Se o penugento se livrar das cobras do chão

Se o penugento tiver sorte e um pouco de proteção

Poderá um dia escrever nos ares um poema

Contando toda sua imensa imaginação

Marcos Rossi
Enviado por Marcos Rossi em 08/03/2018
Reeditado em 12/03/2018
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