ENQUANTO CHOVE
(Deley)


Meu olhar ensimesmado,
No tempo que faz chover,
Talvez, inconformado,
Com a fugacidade do viver.

Uma caneta, um papel,
A mão que trêmula traça,
Um poema fiel,
Ao som da chuva na vidraça.

Uma menina que brinca lá fora,
Alheia à minha tristeza,
Importa o eterno agora,
Desconhece a palavra incerteza.

Incerteza é para mim,
Que retorno para o meu drama,
Filosofo sobre o início, o fim,
Ignoro o lúdico panorama.

Mas, não por muito tempo,
Sou tomado pela sensibilidade,
Volto à janela, contemplo...
De repente, sou templo da felicidade.

Angelicalmente, a menina,
Desaparece na noite sonante,
Sem saber que mudou a minha sina,
trouxe encanto ao meu ego errante.



(Belíssima interação que recebi do
poeta Deley para o meu poeminha
"Apontamentos")